A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, destacou esta quarta-feira, em Mindelo (Cabo Verde), que a transição energética, a transformação digital e ambiental sem colocar em causa os justos equilíbrios devem estar no centro das prioridades dos países dos Estados-membros da CPLP.
Ao discursar na abertura do primeiro congresso internacional, Esperança da Costa disse que os países e as suas organizações ou empresas devem estar entrelaçadas à transição digital, marcado pela “Revolução 4.0, o Big Data, o 5G, a Inteligência Artificial e os algoritmos”.
Segundo Esperança da Costa, todas estas tecnologias e ferramentas são uma janela de oportunidades para os países da região, para o plano da procura, pela expansão dos mercados e pela criação de postos de trabalho.
Disse que os Estados-membros da CPLP precisam olhar para a cooperação nas tecnologias, para fazer face ao nexo clima/oceanos/biodiversidade, assegurando a necessária adaptação e construindo sociedades mais resilientes.
Neste sentido, prosseguiu, o reforço da cooperação deve permitir a redução da perda da biodiversidade do impacto das alterações climáticas, que criam instabilidade social, agravam conflitos, comprometem o bem-estar de comunidades inteiras, em muitos países, e ameaçam o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável.
Conforme Esperança da Costa, em Angola, o Executivo aposta na adaptação e mitigação dos fenómenos ambientais, da segurança alimentar e nutricional e da conservação dos diferentes ecossistemas, chamando para si o fortalecimento da investigação científica e do desenvolvimento, através de políticas cada vez mais robustas e do financiamento da base material.
Os investimentos do Governo angolano, adiantou, inclui o estabelecimento de infra-estruturas logísticas e de telecomunicações, para facilitar o acesso e o processo de digitalização dos diferentes sectores, com realce para a criação do projecto “Angola Research Education Network”, uma rede que permitirá interligar as Instituições de Ensino Superior (IES), criação da Universidade Virtual, informatização dos serviços das IES, bem como fomento das competências digitais.
O Executivo angolano, frisou, aprovou, recentemente, em Conselho de Ministros, a Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo – Angola 2050, um instrumento central do Sistema Nacional de Planeamento, constituído por eixos de acção com um conjunto de compromissos e metas que nos propomos alcançar.
Fez saber que o Estado pretende desenvolver uma sociedade que valorize e potencie o seu capital humano, as infra-estruturas modernas e competitivas, e que tenha uma economia diversificada e próspera, capaz de promover um ecossistema resiliente e sustentável que garanta uma nação justa e com igualdades de oportunidades.
Avanços no ensino superior
Em relação ao ensino superior, Esperança da Costa destacou os avanços neste subsistema de ensino, afirmando que Angola propõe-se em dar ainda mais passos.
Para o efeito, sublinhou, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou, recentemente, um fundo estabelecido com o Banco Mundial e com a Parceria Global para a Educação, com vista a aumentar o acesso ao ensino superior, garantir a qualidade e fortalecer a gestão no sector, tendo como foco novos cursos de pós-graduação, harmonização curricular e a equidade do género.
Conforme Esperança da Costa, o Executivo criou também a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDECIT) encarregue de implementar as políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação e proceder à avaliação e acreditação das Instituições de Investigação Científica e Desenvolvimento.
Fez saber que pretende-se que o mecanismo de financiamento da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e dos seus principais instrumentos de gestão respondam aos padrões estabelecidos internacionalmente e ajudem a fortalecer.
Para Esperança da Costa, os desafios globais força o Estado angolano a olhar, cada vez mais, para a formação técnica profissional e no aumento das pós-graduações em especialidades, visando o alcance de um capital humano altamente qualificado em áreas estratégicas e prioritárias, como a Ciência, Tecnologias, Engenharias, Matemática e Artes (STEMA) e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
“Estamos também empenhados no estabelecimento de uma Indústria Espacial à altura dos desafios actuais e futuros e, certamente, o lançamento do AngoSat2 ajudará no estabelecimento e aceleração da transição digital em Angola e dos seus serviços nos diferentes sectores da vida nacional, incluindo na agricultura e na cadeia de valores”, frisou.
Esperança da Costa disse que Angola está, igualmente, a trabalhar na criação do Centro de Excelência na área da Agricultura, Segurança Alimentar e Alterações Climáticas, na província do Huambo, e no estabelecimento do Laboratório de Farmacognosia, em Luanda, para valorizar o conhecimento endógeno e aproveitar o potencial do biorecurso para a produção de medicamentos.
De acordo com a Vice-Presidente, no quadro do investimento em infra-estruturas e formação do capital humano, Angola está centrada na conclusão do Parque de Ciência e Tecnologia e do Centro de Ciência de Luanda, que permitirá, uma vez finalizados, para a efectivação dos desígnios da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola e da estratégia de desenvolvimento.
Em relação ao congresso, disse que constitui uma oportunidade ímpar para a troca de experiência e a construção de parcerias, uma vez que a formação do capital humano qualificado, com o que se pretende dar resposta às áreas de desenvolvimento prioritário e às necessidades da sociedade do conhecimento, reclama uma abordagem holística e articulada, em que o segmento da educação e da formação profissional comuniquem, cooperem e definam estratégias de intervenção integrada.
Segundo a Vice-Presidente, é necessário o fortalecimento da cooperação entre as instituições de ensino superior, nesta era da inteligência artificial com uma forte aposta no investimento das competências digitais, necessárias para os desafios actuais.
De acordo com Esperança da Costa, nesta busca pelo desenvolvimento, é preciso olhar para o dividendo demográfico perante a necessidade de se construir uma sociedade justa, pacífica, inclusiva e sustentável, onde a inovação e a competitividade permitam taxas mais elevadas de valor acrescentado.
Convidou a organização do evento para que a segunda edição do congresso aconteça em Luanda, Angola.