Vera Daves de Sousa defende mais participação do sector privado

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A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, disse, quarta-feira, em Marraquexe, Morrocos, que o país precisa de “dinheiro fresco na economia” e defendeu que o sector privado tem de ocupar o lugar que antes cabia ao Estado.

“Precisamos de montantes elevados de injecção de dinheiro fresco na economia, é isso que precisamos” para relançar o crescimento económico, que deverá abrandar para 1,1 por cento, segundo a previsão do Governo, ou 1,3 por cento, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).Em entrevista à Lusa, à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana em Marraquexe, Vera Daves de Sousa disse que “o Estado tem sido o principal motor, bombeando liquidez para a economia, mas com os níveis de endividamento actuais, já não tem essa capacidade”.

A governante disse que a solução é “mais investimento que financiamento” e notou que as poupanças internas também são uma opção. “Angola tem definitivamente de encontrar o caminho da atracção de investimento privado estrangeiro e de receitas de poupanças locais, que também existem”, afirmou, lembrando que sempre que há emissões de dívida interna, o objectivo é alcançado.

Questionada sobre quais os principais aspectos a melhorar para retomar o caminho do crescimento mais robusto, Vera Daves de Sousa elencou alguns aspectos, que vão desde a criação de um ambiente de negócios mais propício até à desburocratização administrativa, passando também pelo reforço da segurança jurídica para os investidores e, principalmente, um papel maior para o sector privado.

“Havia a percepção de que tem de ser o Governo a fazer tudo, mas não, todos temos de fazer a nossa parte, quem tem capital e está no mercado tem de contribuir, são lançados programas, põe-se dinheiro nas instituições financeiras públicas, criam-se incentivos e benefícios fiscais, desburocratiza-se, e onde está o sector privado que não responde”, questionou a ministra, respondendo à questão de porquê só nos últimos anos a aposta na captação de investimento estrangeiro ser mais visível.

Salientando a importância de confirmar que as reformas e as iniciativas simplificadoras “se reflectem no quotidiano das instituições”, a ministra defendeu que é preciso melhorar a implementação das leis, porque os parceiros internacionais dizem que Angola tem “óptimas leis, mas na aplicação ainda há espaço para melhorar”.

Desvalorização do Kwanza

Sobre a desvalorização do Kwanza na primeira metade do ano, seguida de uma estabilização que entre Maio e Julho passou de 543 kwanzas por dólar para mais de 830, tendo permanecido nesse valor desde então, Vera Daves de Sousa diz que a explicação está entre o mercado livre, a descida da produção de petróleo e a especulação.

“Se ainda dependemos muito do sector petrolífero para ter acesso à moeda forte, e a principal fonte de acesso à moeda forte é a exportação de petróleo, e estamos a ver uma produção abaixo do esperado, então a equação é simples”, argumentou, considerando também que houve “um ataque especulativo” sobre a moeda angolana.

“O que podemos fazer melhor, o Ministério das Finanças e o Banco Nacional de Angola, é ser mais diligentes a comunicar com o mercado e passarmos tranquilidade para quem está do lado da procura organizar-se de forma diferente e gerir melhor a sua actividade, ir-se ajustando, é assim em qualquer parte do mundo, há volatilidade”, concluiu.

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