Os primeiros resultados da votação, no país, das eleições presidenciais na República Democrática do Congo (RDC) dão vantagem ao Presidente Félix Tshisekedi com 82,60% do total de votos pautados, o que corresponde a 850.684 votos.
Em segundo lugar aparece Moïse Katumbi, com 147.053 votos, equivalente a 14,30% da preferência do eleitorado. Com alguma surpresa, o candidato Radjabho Seborabo está na terceira posição, com 9.263 votos (0,90%) à frente de Martin Fayulu. Este tem a seu favor 7.965 votos contabilizados, ou seja 0,80%.
Inicialmente, prevista para sábado, a publicação dos resultados iniciou apenas ontem, à noite, por razões não especificadas por Patrícia Nseya, relatora da Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI). O ginecologista Denis Mukwege, na sétima posição, tem 839 votos (0,10%) do total de 1.029.619 votos contabilizados.
Marie-José Ifoku, a única mulher concorrente às presidenciais, surge na nona posição com 782 votos. Curiosamente, Joelle Bille, a outra candidata, inicialmente inscrita, mas que retirou a candidatura para apoiar Félix Tshisekedi, mereceu a confiança de 420 eleitores.
A CENI prossegue a contagem dos votos e compilação dos resultados a partir do Centro Bosolo, em Kinshasa. O Portal Alta Política confirmou ontem, no local, a presença de representantes dos candidatos, delegados de lista, observadores nacionais e muitos jornalistas em busca de informações.
Já os resultados da votação na diáspora, divulgados, igualmente, na noite de ontem, depois de escrutinados a maior parte dos votos, atribuem vitória a Félix Tshisekedi, com 80,99 % da preferência do eleitorado.
As reacções não se fizeram esperar. Moise Katumbi, o homem forte do Tout Puissant Mazembe, de Lubumbashi, reclamou a anulação do pleito depois de ter reivindicado a vitória. O antigo governador de Katanga, província fronteiriça com Angola, juntou a sua voz à dos cinco candidatos que mobilizam a população para a “grande manifestação” convocada para quarta-feira próxima, com vista a denunciar ao que chamam de “fraude eleitoral”. Hervé Diakese, porta-voz do “Juntos pela República”, de Moise Katumbi, comunicou, ontem, durante uma conferência de Imprensa, a planificação de acções a serem anunciadas “no momento oportuno”.
À margem da situação política e expectativa ao redor da divulgação dos resultados eleitorais, faz notícia na capital congolesa a morte, por suposto suicídio, de um especialista informático de nacionalidade belga, destacado pela União Europeia em Kinshasa, para trabalhar no âmbito das Eleições Gerais de 20 de Dezembro. O infortúnio aconteceu na madrugada de sábado para domingo quando o cidadão se atirou do 12º andar do hotel de luxo onde se encontrava hospedado, de acordo com “fontes concordantes” reportadas pela Agência Congolesa de Notícias.
A fonte da ACP, um diplomata europeu que não quis ser citado, negou-se a avançar o nome da vítima, por entender que deve ser a família ou a Missão da União Europeia a fornecer informações sobre o incidente. As autoridades locais já estão a investigar o caso para apurar se se tratou realmente de suicídio ou de morte criminosa.
Na véspera das eleições, o vice-Primeiro-Ministro do Interior da RDC, Peter Kazadi, afirmou que o Governo descobriu que os peritos da União Europeia se faziam acompanhar de “máquinas susceptíveis de penetrar no sistema da CENI”. O alegado facto motivou o Governo do país a adoptar a decisão de anular a Missão de Observação Eleitoral do Bloco europeu, de acordo com declarações do governante feitas durante uma conferência de imprensa. Nessa altura a União Europeia já tinha anunciado o cancelamento da Missão de Observação na RDC, devido a “restrições técnicas fora do controlo”.