Os onze municípios da província do Huambo vão estar interligados à Rede Eléctrica Nacional, até 2027, uma medida que serve para estimular o desenvolvimento económico do Planalto Central, assegurou, sabado, na vila municipal do Cachiungo, o ministro da Energia e Águas.
João Baptista Borges, deu esta garantia durante a cerimónia de inauguração da subestação eléctrica do município do Cachiungo, com a capacidade de 20 Megawatts, interligando a antiga vila da Bela Vista no Huambo e o Chinguar, no Bié, que vai permitir a ligação domiciliar de mais de 1.600 casas.
O ministro da Energia e Águas disse que todos os municípios da província do Huambo, com a excepção do Mungo, estão com os contratos celebrados, o que demonstra que até 2025, vai haver um grande desenvolvimento energético.
As províncias do Huambo e do Bié, disse, passaram uma taxa de luz de oito por cento em 2017, para um nível muito alto, um exemplo que vai ser implementado a nível do país.
Transformar a matriz energética
Durante a cerimónia de inauguração,o titular da pasta Energia e Águas, em companhia dos governadores das províncias do Huambo, Pereira Alfredo, e do Bié, Celeste Adolfo, disse que o Executivo angolano tem o objectivo, neste quinquénio, de transformar a matriz energética, mudando o paradigma da energia antes concentrada em fontes térmicas (geradores) que representava cerca de 60 por cento de tudo o que o país produzia em termos de electricidade, mudando para a energia limpa.
O ministro disse que, hoje, o país tem mais de 60 por cento de energia renovável, associando as fontes hídricas e solares, tendo revelado a pretensão de chegar a 73 por cento até ao final do mandato.
“Produzir a energia com fontes térmicas é muito caro, por causa do combustível e da manutenção das máquinas, por isso, electrificar o país, significa ter uma energia abundante, barata, sustentável do ponto de vista ambiental e económico”, disse.
João Baptista Borges disse que, o programa do Governo é atingir, até em 2027, uma cifra de 50 por cento de angolanos a beneficiar de energia eléctrica, uma média de mais de 16 milhões de pessoas.Para a concretização dessa pretensão, o responsável disse haver necessidade da extensão da rede de energia em vários pontos do país, que ainda não beneficiam daquele bem.
Durante o quinquénio, João Baptista Borges disse que o Executivo angolano traçou a concretização do desafio de fazer cerca de 1 milhão e 250 mil ligações de energia, na razão de 250 mil por ano, o que envolve muito esforço financeiro.
Contadores pré-pagos
No município do Cachiungo e Chinguar, revelou, foram montados contadores pré-pagos e apelou à população, para que pague as suas contas de luz e cada família deve fazer a gestão dos seus rendimentos e gerir o consumo, para que a empresa angarie mais dinheiro, a fim de garantir outros investimentos.
Por outro lado, o governante chamou atenção dos responsáveis da Empresa de Distribuição de Electricidade (ENDE), no Cachiungo, para que ponha-no de parte as burocracias e devem ligar a energia aos cliente, para que a mesma chegue todos.
“Não há justificação para que alguém não possa ter luz, esta é uma energia inclusiva e chega para todos”, disse.
A energia vai contribuir para o desenvolvimento económico da região, “uma vez que os empresários vão investir mais em vários projectos, os fazendeiros vão usar energia para facilitar a irrigação das plantações”.
Satisfação
O governador do Huambo, Pereira Alfredo, disse que este momento foi muito esperado pela população do Cachiungo, e a partir de hoje ficou para trás o uso dos geradores e o gasto de combustível.
Esse feito vem mudar a matriz energética do Huambo, porque só havia a rede eléctrica nos municípios do Huambo e Caála, mas ao longo dos últimos três anos, mais municípios foram abrangidos da rede eléctrica nacional, como é o caso do Bailundo, Ecunha e agora o Cachiungo.
“Com a garantia de mais luz eléctrica e com milhares de consumidores, julgamos que estão criadas as condições para alavancar a economia local, uma vez que os municípios em causa encontram-se ao longo das estradas nacionais”, disse.
Na ocasião, o administrador municipal do Cachiungo, Paulo Moma Kundombo, que enalteceu a chegada da energia na vila do Cachiungo, sublinhou que fica para o passado o fornecimento de 4 horas de energia por dia e a partir de hoje, passa para 24.
Por sua vez, o reverendo António Silvano Miguel, da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA), destacou as valências que traz a energia eléctrica na comunidade, tendo salientado que, é preciso cuidar e cumprir com as obrigações exigidas, participando com o pagamento da luz, para que a energia chegue noutros pontos da província.
O regedor do município do Cachiungo, Marcial Mussungo, ficou feliz, disse que desde o tempo colonial, o Cachiungo nunca teve luz geral, o que mostra que o Executivo angolano está atento e a cumprir com as suas promessas de resolver os problemas do povo.
Infra-estrutura
A interligação das redes dos dois municípios foi construída entre Janeiro e Dezembro do ano em curso, que resultou na construção de uma subestação de raiz de 220/30 kilovolt (kV), com potência instalada de 20 megawatts e o lançamento de 30 quilómetros de cabo da rede de distribuição de média tensão.
No mesmo projecto, foram ainda instalados 15 Postos de Transformação (PT) de 160 a 30/0,4 quilovolt-ampere, (kVA), lançados 29 quilómetros de cabo da rede de distribuição de baixa tensão, 600 novos pontos de iluminação pública e realizadas cerca de 1.600 novas ligações domiciliares.
O projecto, que se enquadra na transição energética, vai ajudar,anualmente,o Estado angolano a poupar cerca 380 milhões de kwanzas, sendo 270 milhões na aquisição de 1 milhão e 550 mil litros de combustível fóssil e 110 milhões de kwanzas em despesas administrativas.
Antes deste investimento, o fornecimento de energia o Cachiungo dependia de fontes alternativas, como geradores e centrais térmicas, cuja capacidade instalada era insuficiente para atender a demanda.
Com a ligação à Rede Eléctrica Nacional do Cachiungo, a província do Huambo passa a ter cinco município que beneficiam da luz eléctrica de Laúca, faltando a Chicala-Cholohanga, Chinjenje, Londuimbali, Longonjo, Mungo e Ucuma.