Em três anos, o Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), na província de Luanda, desactivou quatro cursos da sua oferta formativa. Para o ano lectivo 2023/24, a instituição de ensino superior não abriu candidaturas para o regime pós laboral e fechou o curso de Sociologia.
O Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) cancelou as inscrições para o período pós-laboral para o presente ano lectivo 2023/24 e fechou o curso de sociologia, que passa para a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto (UAN).
De acordo com o director-geral do ISCED, Zavoni Ntondo, o regime pós-laboral sofreu um interregno, mas as explicações dadas apontam para o fim das aulas à noite no ISCED.
“A intenção é que cada curso devia suportar o pagamento dos professores, mas nota-se a falta de pagamento dos utentes que faz com que a instituição esteja em incumprimento com os professores ou é obrigada a utilizar outras verbas para suportar os encargos com os docentes”, disse Zavoni Ntondo.
No entanto, os estudantes do período nocturno que já estão em formação vão continuar neste período para não penalizar os que se encontram na condição de trabalhadores. Ou seja, as aulas à noite vão continuar só para os que estão em formação até à interrupção deste período.
Zavoni recorda que, em anos passados, o período pós-laboral já chegou a ter mais de mil estudantes e agora não passam de 327 porque muitos começam o ano e não terminam, deixando as salas de aulas vazias.Os estudantes do período pós- -laboral pagam uma comparticipação de 15 mil Kz mensais.
Por outro lado, o responsável justifica a falta de transporte para os alunos no período da noite, como um dos factores de desistência, tendo dito que os autocarros que circulam no Kilamba têm a última corrida às 20h00, enquanto as aulas vão para além das 22h00. “Dentro do Kilamba tem havido uma onda de assaltos e os estudantes acabam por ser as principais vítimas por causa das horas a que terminam as aulas, então são estas razões que estão a obrigar a instituição a fazer este interregno”, justifica o responsável.
Quanto à extinção do curso de Sociologia, Zavoni Ntondo explicou que passará a ser leccionado pela Faculdade de Ciências Sociais, porque os formados deste curso, além de não serem necessários no ensino secundário pedagógico, não estão qualificados para a docência de quaisquer outras matérias no ensino pré-escolar e geral, pelo que são reduzidas as possibilidades do seu enquadramento no sistema educativo.
Lembrou, no entanto, que dos cursos ministrados no ISCED os mais concorridos são os de Instrução Primária e Educação de Infância. Nestes dois cursos estão inscritos 327 alunos para o ano académico 2023/24. O número actual contrasta com os 1.000 estudantes que nos anos passados procuravam a formação em Instrução Primária e Educação de Infância.
Recordar que, em 2021, o ISCED deixou de ministrar os cursos de Pedagogia, Psicologia e Filosofia em todo o território nacional, com a justificação de não estarem alinhados às necessidades educativas do País e por não proporcionarem empregabilidade aos seus licenciados.
Na altura, o secretário de Estado Eugénio da Silva avançou que estavam a ser gastos recursos públicos para formar professores em áreas saturadas ou cujas necessidades vão diminuir quando esses recursos podem ser aproveitados para formar os professores que o sistema educativo realmente precisa.
A decisão do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) foi aplicada no ano de 2021/22, quando não foram admitidos novos alunos nos cursos descontinuados pela tutela.
Na altura, ficou decidido que os alunos do último ano poderiam terminar o curso, segundo o plano curricular vigente, enquanto os alunos do 2.º e 3.º ano transitaram para um plano de estudos ajustado, com perfil orientado para a educação de infância e para o ensino primário após processo de integração curricular.