O Presidente da República, João Lourenço, homenageou, sexta-feira, os atletas angolanos que se sagraram, este ano, campeão e vice-campeão do mundo e de África em diversas modalidades desportivas, durante um jantar de gala realizado nos Jardins do Palácio Presidencial.
Entre os homenageados, estiveram Rui Andrade, campeão mundial de automobilismo de resistência LMP2, Heliane Caio, campeã do mundo de jiu-jitsu na categoria júnior, Osleni Tomás, campeã do mundo de jiu-jitsu na categoria sénior paralímpico, assim como Inelton Bembo, vice-campeão do mundo de lutas, Ricardo Ximenes, vice-campeão do mundo de jiu-jitsu, Ruth Baltazar, vice-campeão do mundo de jiu-jitsu e Erik Rodrigo Benson, vice-campeão do mundo de jiu-jitsu.
No discurso, o Presidente da República considerou o feito dos atletas uma mensagem clara que assinala o caminho a seguir pelos jovens e angolanos, de uma forma geral, bem como um recado que mostra “claramente” que o caminho da glória, da superação e do sucesso não depende do acaso, da sorte ou de se estar predestinado a vencer em qualquer esfera da vida, como nos estudos, no trabalho, nos negócios, mas, sim, da dedicação, sacrifício, perseverança, definição e programação das etapas e metas a alcançar, ou, ainda, do suar da camisola, como se diz na linguagem desportiva.
“Os feitos que acabam de protagonizar são um bom exemplo para a nossa juventude e para toda a sociedade angolana”, destacou. O Chefe de Estado, que se fez acompanhar na cerimónia pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, informou aos campeões que os angolanos estão muito orgulhosos pelo tipo de filhos que se tornaram para o país, sublinhando que o feito protagonizado constitui um valioso contributo na luta que a sociedade leva a cabo no domínio da Educação dos jovens e na formação das personalidades pela defesa dos valores da ética, do civismo e do patriotismo.
De modo a acelerar ainda mais o ritmo do desporto nacional, o Presidente da República frisou que o Executivo vai continuar a construir infra-estruturas como estádios e pavilhões multiusos para a prática de diferentes modalidades num mesmo espaço.
No quadro desta estratégia, lembrou que já se encontram em construção os estádios da província do Huambo e do Uíge, assim como o Centro de Estágios para o Desporto Paralímpico destinado a diferentes modalidades, que vai contar com alojamento e todos os equipamentos necessários.
Localizado na cidade de Caxito, município do Dande, província do Bengo, essa infra-estrutura, com data prevista de inauguração para o próximo ano, vai chamar-se José Sayovo, primeiro atleta paralímpico angolano a ganhar medalhas para o país nos Jogos Paralímpicos de Atenas, capital da Grécia, em 2004, isto é, três ouros nas provas dos 100, 200 e 400 metros.
O Presidente da República referiu que o desporto angolano pode estar melhor se se trabalhar e investir na massificação nos bairros, nas comunidades, onde é necessária a disseminação de espaços e quadras que podem contar com a contribuição de organizações da sociedade civil e da classe empresarial, no âmbito das responsabilidades sociais.
“Temos a necessidade de repensar e reorganizar o desporto escolar e universitário, com a organização de competições entre as instituições escolares ao nível de municípios, províncias e nacional e torná-lo no viveiro do desporto federado”, defendeu o Chefe de Estado, considerando importante que se preste maior atenção ao desporto federado e à necessidade de o tornar auto-sustentado.
João Lourenço lembrou que não basta construir infra-estruturas desportivas se não houver o modelo certo para a gestão, manutenção e rentabilização. Reiterou a mensagem de que não pode ser o Estado a continuar a fazer tudo, além do investimento inicial da construção, sob pena de se continuar a assistir ao estado de degradação, de pouca e má utilização em que se encontram algumas das principais infra-estruturas desportivas nacionais, muitas delas com pouco mais de dez anos de existência.
Face ao surgimento do primeiro campeão mundial no desporto motorizado (Rui Andrade), o Presidente da República disse que o país sente a necessidade da construção de pistas de corrida para motos e de um verdadeiro autódromo de padrões internacionais, para que os jovens angolanos deixem de ver as corridas apenas pela televisão e se interessem, também, pela modalidade que disse estar ao alcance dos angolanos.
O Chefe de Estado recordou que Angola não era ainda um país independente, mas, já nessa altura, jovens angolanos, como Barceló de Carvalho “Bonga” e Rui Vieira Dias Rodrigues Mingas, entre outros, já haviam se destacado no desporto de alto rendimento em competições internacionais.
Com isto, frisou, a boa semente estava lançada à terra, havendo apenas a necessidade de a regar e cuidar com carinho e trabalho, para garantir boas colheitas nos anos que se avizinhavam, o que viria a acontecer: “É assim que, mesmo naqueles difíceis anos em que Angola estava a ser consumida pelas chamas da guerra, os nossos valentes jovens souberam dignificar o bom nome do país, conquistando importantes vitórias nas mais diferentes modalidades desportivas em campeonatos africanos, havendo mesmo modalidades onde fomos campeões africanos por mais de dez anos consecutivos”.
O Presidente da República considerou esses passos o caminho que despertou os campeões de hoje a enveredar também para o desporto. Testemunharam a cerimónia de homenagem dos atletas medalhados a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, membros do Executivo, da sociedade civil, representantes da família do desporto angolano, as federações desportivas, equipas técnicas das selecções e os familiares dos homenageados.