A Associação de Pesca Artesanal, Semi-industrial e Industrial de Luanda está preocupada com a crescente prática de pesca de arrasto do peixe miúdo denominado “manguana” nas águas territoriais do município de Cacuaco.
O presidente da Associação, Manuel Bernardo Azevedo, mostrou total indignação, recentemente, em Cacuaco, no final do encontro de concertação que manteve com os representantes da União de Cooperativas de Luanda.
Na ocasião fez saber que a pesca de arrasto, considerada ilegal e proibida na costa angolana, estaria a ser feita por navios estrangeiros, com destaque para santomenses, congoleses e vietnamitas.
“O fenómeno de pesca ilegal é preocupante, tendo em conta que os estrangeiros têm praticado de forma ilegal na municipalidade. Não gostei do que ouvi, pois, são denúncias profundas e as autoridades devem actuar, pelo facto de estarem a pescar peixe pequeno, denominado ‘manguana’ com rede zero, que não deixa passar nem já os filhotes”, alertou.
Deu a conhecer que os estrangeiros estão a usar barcos de arrasto, o que é uma pesca de fundo e é mais efectuada por embarcações da pesca semi-industrial e industrial. “A pesca artesanal nas duas milhas, em que está autorizada a pesca utilizando arrasto e com rede zero, daqui a mais tempo não vamos ter mais peixe”.
“A actividade da pesca artesanal é reservada para os nacionais e não para os estrangeiros, que têm ocupado o lugar dos nacionais.
No entanto, quem está a realizar a pesca de arrasto são os estrangeiros, que foram denunciados em Cacuaco, Barra do Dande, Samba, atrás do Hotel Costa do Sol, onde existem grandes quantidades de tarimbas com este tipo de pescado capturado e que têm dado cabo da fauna”, disse Manuel Azevedo.
Referiu que a actuação da fiscalização não tem sido eficaz, pelo facto de não estar a exercer com zelo e dedicação o seu real papel.
“O que eu ouvi dos associados sobre a actuação da fiscalização não é abonatório para com esses órgãos.
Todos órgãos afins que actuam para a protecção marítima a nível da sustentabilidade estão instalados em Cacuaco, mas, infelizmente, não exercem o seu papel como deviam”.
Esteves António, presidente da Cooperativa Kilamba Kiaxi, de Cacuaco, manifestou-se insatisfeito com a fraca captura do pescado na municipalidade, em função das más práticas existentes por parte de indivíduos que pescam constantemente o peixe miúdo.
“Antigamente o peixe era apanhado perto da costa marítima, agora estamos a pescar até na Barra do Kwanza. No entanto há uma actividade que está a ser exercida pelos estrangeiros, que estão a prejudicar o mar”, afirmou.
Segundo Esteves António, os associados nas cooperativas têm feito denúncias à fiscalização e ao Centro Regional das Pescas para que estes tomem as devidas medidas.
“Neste momento aqui na praia existem mais de cinquenta embarcações de arrasto em miniatura, que para além de pescarem a gamba, choco e linguado, trazem o peixe miúdo.
As entidades afins devem tomar medidas sérias para evitar danos mais graves, porque, senão, daqui a cinco anos não haverá peixe para se comer e as futuras gerações estarão comprometidas”, alertou.
Em relação aos cartões de combustíveis, Esteves António disse que a Cooperativa Kilamba Kiaxi recebeu quatro cartões, estando em falta três, realçando que houve uma falha por não se saber quanto é que se tem de saldo no cartão, embora se tenha a informação de que o cartão é carregado com um valor de 140 mil kwanzas. Destacou que mesmo abastecendo apenas uma parte de 50 mil kwanzas, têm assustado que no dia seguinte já não há saldo. A Cooperativa Kilamba Kiaxi, de Cacuaco, tem 16 associações e funciona com 45 pescadores.