Angola quer ganhar terreno no mercado global e está a apostar na exportação, para fugir da dependência do petróleo- Camila Victorino

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Café, o “ouro negro” que Angola quer exportar, com as condições naturais ideiais para a produção de café, Angola quer ganhar terreno no mercado global e está a apostar na exportação, para fugir da dependência do petróleo.

Contribuem para as exportações angolanas Portugal com 73% do valor, a quase totalidade é comprada pelo grupo Delta, seguido da Espanha com 9% e o Líbano 5%. Da lista de compradores, seguem-se ainda Marrocos, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América e Albânia, são outros destinos para a comercialização desta commodity, que, no conjunto, representam 13%.

Durante o período colonial, o café, nomeadamente o “robusta”, deu a Angola o quarto lugar entre os maiores produtores do mundo, a seguir a países como o Brasil, Colômbia e México, o maior produtor de café robusta no continente africano e um dos maiores exportadores mundiais de café em grão. Só para exemplificar: em 1972, chegaram a ser exportadas 400 mil toneladas, produzidas em cerca de três mil plantações localizadas, a grande maioria, no Uíge, mas também nas províncias do Bengo, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul.

É difícil não se associar o café ao Uíge, uma das maiores riquezas alguma vez cultivadas em solo angolano. De tal forma que a região do Uíge era tradicionalmente conhecida como “terra do bago vermelho”, numa altura em que o café era a fonte principal de rendimentos para muitos, cultura tida como o grande símbolo da zona. O café era, de facto, reconhecido como a “riqueza do povo”, por ser acessível a qualquer cidadão que, mesmo rudimentarmente, conseguia organizar e gerir os produtos, em grande ou pequena quantidade.

Portugal que é o maior comprador de café angolano, tem o café mais barato em relação ao país produtor. Precisamos repensar a nossa forma transformar a nossa economia.

Uma boa nova para os agricultores, foi aprovado ontem o Programa de Aceleração da Agricultura Familiar e reforço da Segurança Alimentar. É importante que os 82 milhões aprovados vão nas famílias que produzem de facto.

Fica o apelo, é possível voltarmos a ser os gigantes do café no mundo, mas para isso precisamos voltar a potencializar as famílias produtoras e melhorar as vias de acesso.

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