BATER ONDE DÓI MAIS
Por: Valdemar Augusto 17-4-2025
Alguns angolanos são bons em retirar as palavras do contexto para tentar justificar as suas próprias deficiências cognitivas.
A Ministra da Educação esteve sim bem, quando disse no cafeCIPRA que os patriotas ficam no país onde devem contribuir com críticas para o bom desempenho do Executivo e não “fugirem” para fora, e se constituirem em agentes hostis à terra mãe.
Quando disse que quem está fora não faz falta, a ministra não se referia aos angolanos que, em diversos pontos do mundo, dão o seu melhor para os seus familiares e a sua pátria, enviando remessas ou até capital para investir na própria pátria.
Luísa Grilo e os seus colegas Rui Falcão e Teresa Rodrigues foram unânimes em afirmar que é normal um cidadão deixar o seu local de nascimento em busca de melhores condições de vida num outro país. A prática é milenar.
Fazem-no os norte-americanos, fazem-no os portugueses e não seria diferente em relação aos angolanos.
O que não é justo nem patriótico é sair de Angola e constituir-se num agente nocivo contra o país que o viu nascer. Estes, sim (e foi o que a ministra disse nas entrelinhas) não fazem falta. Eu acrescentaria: esses são traidores da Pátria. Vão perguntar ao Presidente Trump se perdoaria um americano que, saindo por vontade própria do país, apedrejasse o Estado de origem (Estados Unidos de América).
Os angolanos têm de aprender a ouvir as verdades, ainda que incômodas. Não faz sim falta ao país quem daqui sai e fica lá fora a ganhar dinheiro, ofendendo instituições e diabolizando a imagem da nossa querida Angola. Não é patriota quem sai de Angola e faz diplomacia negativa contra Angola, desencorajando os investidores a cá virem. Estes sim não fazem falta a Angola.
Os angolanos que brilham na ciência, no desporto e noutros ofícios lá fora, ganhando a vida com honestidade, espelham, por isso, boa imagem de Angola; estes são patriotas, porque contribuem para a atracção de investidores e de turistas para a pátria de todos nós.
Outrossim, a deficiência demonstrada na interpretação do comentário da Ministra encoraja-nos a investir mais na educação, na leitura e na ciência, no seu todo. Esta interpretação enviesada mostra-nos como a juventude precisa de mais leitura para serem capazes de ler nas entrelinhas um discurso, um comentário.
De qualquer modo, o que anima qualquer locutor é perceber o alcance das suas palavras. Está de parabéns a Ministra Luísa Grilo. O recado chegou. Foi assim em 1975: fugiram antes, mas alcançada a independência, voltaram como angolanos. Foi assim em 2002, depois de abandonado o país durante o período de guerra, alcançada a paz, todos voltaram e batiam no peito como genuínos angolanos.
Estudem e trabalhem onde puderem, mas sem macular a terra de origem, a nossa Canaã (Angola)! Quem assim não proceder, o capote serviu-lhe: não faz falta ao país. Pois, aqui a luta continua e a vitória é certa!